Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 21:29

Qua, 20/02/08

Não sei se já viram, mas se não o fizeram, façam-no com carácter de urgência. Não esperem pelo lançamento em dvd, nem esperem que passe na televisão daqui a 5 anos, cortado por intervalos. Vão já ver este magnífico filme de Paul Thomas Anderson, mais conhecido por ser o realizador de Magnolia.
Com Daniel Day Lewis no papel de Daniel Plainview, prospector de petróleo e magnata do início do século XX, There Will Be Blood (Haverá Sangue) é um filme sobre a vertigem e isolamento do poder, a esterilidade da misantropia e, afinal, sobre os nossos actos e as suas consequências.
Magníficas as cenas iniciais em quase silêncio, que o realizador usa para nos conduzir parcimoniosamente ao coração do filme. Brilhante o desempenho de Day Lewis, nunca é demais referir. O som é magistral, a fotografia sublime.
É a história da ascensão meteórica de Daniel Plainview e do seu filho (?) até ao isolamento. É uma história da esterilidade e da inconsequência. Da fé e da falta dela, das mentiras e superstições. Para a minha cultura agnóstica, certas cenas são absolutamente hilariantes. A cena final alterna entre o ridículo e a crueldade de um modo que só vi em Fellini no seu tremendo "Il Bidone".
Dá vontade de o ver outra vez, tão bom é. Não percam.