Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 00:21

Dom, 11/01/09

E porque estou bem disposto deixo-vos mais uma sugestão. Já aqui falei deste senhor a propósito de mortes, agora falo porque ele está bem vivo na música que nos deixou. Mojo Pin do seu primeiro e único disco no Japão numa interpretação memorável.

 




Pedro Marques @ 22:27

Sab, 12/05/07

Jeff Buckley passou pela música como uma estrela cadente e engrossou o numeroso panteão de músicos rock que partem para o Hades inesperadamente e nos deixam sempre com uma mistura amarga de incredulidade e fatalidade: Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Jim Morrison, Ian Curtis, Kurt Cobain, Kevin Gilbert – com todos estes, e em especial se se admira a sua música, sente-se que partiram cedo demais, quando as respectivas carreiras tinham acabado de começar.
A morte destes músicos eleva-os a patamares de eleição. A morte torna definitiva a obra que deixaram e os contornos mais ou menos obscuros que rodeiam a morte, quase sempre não-natural, destes mártires, contribuem para a sua própria sacralização. Quando simples palavras de apreço teriam bastado…
Em quase todos estes artistas, o excesso era a regra. A sinceridade e expectativa que punham na sua arte distanciavam-nos do mero reconhecimento. Estas estrelas queriam mais. Fossem eles dos loucos anos 60, dos obscuros 80 ou dos reveladores 90, fosse como fosse que tivessem vivido seriam as suas mortes a fixar o lugar que ocupariam no firmamento do rock.
Jeff Buckley nasceu em 1966, em pleno movimento hippie, filho de uma estrela do rock, Tim Buckley, e seria em 1993 que iniciaria a sua curta carreira com o lançamento de um EP – Live At Sin-é. Em 1994 gravaria e faria digressão de Grace, o seu primeiro e único disco de estúdio que lhe valeria vários prémios por todo o mundo, incluindo o Gran Prix International Du Disque – Academie Charles CROS – 1995, na França. Quando morreu afogado em Memphis, a 29 de Maio de 1997, em circunstâncias misteriosas, estava em pleno trabalho criativo e a preparar um novo disco, My Sweethart, the Drunk. Pelo meio ficam participações como baixista e baterista em bandas de amigos que revelam o seu carácter artístico de modo inequívoco.
A música de Jeff Buckley parece tocada por aquela espécie de aura cristalina e luminosa que caracteriza os trabalhos de génio, como acontece com Syd Barrett em The Piper at the Gates of Dawn ou Thom Yorke em Kid A e Amnesiac. Não é por acaso que Thom Yorke o cita como uma das suas influências. Não são só os timbres de voz parecidos, é também a limpidez dos arranjos, a simplicidade profunda das melodias que escolhem, música que nos chega por ondas de sensações que nos banham a pele e nos arrepiam.
Buckley é um dos mais desconhecidos e geniais músicos contemporâneos, devido à sua morte prematura, claro, mas também porque a sua música possui uma profundidade que não joga com estes tempos onde a efemeridade é uma “mais-valia”, onde o “mastiga-deita-fora” que os saudosos Táxi prenunciavam no início dos anos 80 se tornou a regra e a essência se tornou coisa de intelectuais.
Para mim será recordado e ouvido com enorme prazer pela generosidade e vontade que encontro nas suas composições. Por aquilo que define um artista: a vontade de estar e partilhar coisas extraordinárias e inéditas com os outros.