Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 15:11

Sex, 13/11/09

O caso Freeport acaba de ser arquivado em Inglaterra. Em Portugal, a porcaria continua. Ainda que tenha sido a Inglaterra a despoletar todo este absurdo, em Portugal o que se visava era apenas denegrir o primeiro-ministro.

É mais um caso, apenas. Um caso de tentativa de assassinato político, baixo, rasteiro, impróprio de um estado que se quer civilizado. Trata-se de uma tentativa política, com objectivos bastante claros. Tal como todos os outros. Tentar tornar a governação do governo minoritário do PS insuportável. Carregando no pedal da educação e da sua luta, fazendo dos tribunais os seus cavalos de tróia. Inventando casos. Casos que seriam com toda a certeza outros casos se estivesse o PSD no governo.

Tal como muita gente neste país, estou farto das notícias que rebolam no "diz que disse" e no "terá dito" e no "alegadamente", apoiados na multiplicidade de notícias fabricadas pela corja de jornalistas que pulula nos jornais, televisões, rádios e outros órgãos de comunicação corruptíveis. Em constantes violações do sigilo a que são obrigados, e muitas vezes sem provas válidas juridicamente.

Entretanto o PIB cresceu 0,9% neste último trimestre. Talvez seja uma notícia má para a oposição obtusa, que se apressará a dizer mais uma ou duas parvoíces para lhe retirar o significado, falando da educação outra vez, ou da gripe A, ou da selecção, ou do Gato Fedorento, mas o que é certo e era o que se devia dizer para podermos sair do buraco gigantesco em que estamos por anos e anos (séculos?) de mediocridade, o que se devia dizer é que estamos à frente, de muitos países, inclusive a Espanha (durante muito tempo o exemplo acabado de país desenvolvido), os esforços para conter a crise internacional resultaram, de alguma maneira, e não há volta a dar. O que há a fazer é aproveitar isto e não destrui-lo da forma mais imbecil que há - com casos...

Gostava que, à falta de um governo verdadeiramente de esquerda, socialista, com coragem para acabar com os offshores, com os lucros astronómicos dos bancos que não param de aumentar, com um verdadeiro interesse na cultura portuguesa, com vontade de educar o povo para que possamos ser melhores, os partidos se reunissem à volta de um pacto de regime. Precisamos disso como do pão para a boca.

Mas como sentar à mesma mesa PCP e CDS? É a mesma coisa que pôr um taliban e um americano a jantar.




Pedro Marques @ 15:26

Sab, 21/02/09

Parece que o caso Freeport está para durar. Hoje o Procurador Geral da República disse que serão ouvidas todas as pessoas que forem consideradas arguidas no processo, e perante a insistência dos jornalistas acrescentou que qualquer um deles (jornalistas) poderia responder no caso. O quê?

Bem, eu percebo o Procurador, quis dizer que não vai parar sejam quais forem as pessoas envolvidas. Eu sei. É isso que a justiça deve fazer. Mas dizer que os jornalistas podiam ser envolvidos, deixou-me de antenas no ar. Será que vamos assistir ainda à condenação de algum jornalista por violação do segredo de justiça, ou de qualquer outro segredo?

Cá para mim, eu cheiro que o caso Freeport se resume àquele priminho do Sócrates que aparece todo luzidio nas fotos divulgadas e foi para a China de onde não tenciona sair tão depressa. Foi ele que envolveu o nome do priminho nuns negócios que fez, tentando pressionar a autarquia, chegando mesmo a conseguir que o primo estivesse presente numa reunião. Por que é que o Sócrates lá foi parar é algo que me parece que nunca saberemos. Foi lá. Ponto. Foi lá mostrar-se apenas.

Aliás, Sócrates gosta de mostrar-se. Gosta. Ele faz alarde da sua posição, assume-a, e é bom que um político faça isso. Mas também que não seja um tique. E aquilo que começa a parecer em Sócrates é que toda aquela pose não passa de um tique. É claro que é apoiada por uma retórica inteligente, mas continua a ser um tique.

Isso foi claro na maneira como ele se dirigiu às pessoas que estavam no apoio à candidata do PS para o Porto Elisa Ferreira. O discurso foi desproporcionado, quase que parecia que o primeiro-ministro estava a discursar para a Europa ou o Mundo. Será que ele está a perder o sentido das verdadeiras dimensões das coisas? Com o aproximar-se da campanha eleitoral vai começar a ficar histérico? Ó Sócrates, calma. Já basta a tão afamada "crise dos ricos" para nos pôr os cabelos em pé.

Enquanto milhares de trabalhadores vão para o desemprego todos os dias, vítimas de uma sociedade em desenfreada corrida para comprar nadas, o nosso carnaval lusitano prossegue, com censuras e ignorância, olhando com saudade para o samba do outro lado do Atlântico e a perguntar-se, fomos nós mesmo que fundámos aquele país da Alegria?