Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 22:35

Ter, 25/06/24

Uma das coisas mais extraordinárias dos últimos tempos, a nível de política internacional, é a demonização de Vladimir Putin, o presidente russo, por parte de praticamente todas as instituições ocidentais.
Para começar, e não vir a ser acusado de putinista e coisas ainda piores, devo dizer que não o considero ingénuo nem um santo, e acho que até pode ter mandado matar gente, tal qual um gangster, tal qual o Obama matou o Osama, tal qual a CIA mandou matar o Amaro da Costa e o Allende - não há fundo no poço das atrocidades cometidas pelos tiranos.

Dito isto, a maneira fácil como toda a gente da direita à esquerda mais radical ocidental culpa o russo por todos os males que vêm ao mundo é extremamente irritante e dá vontade de lembrar a todos das intermináveis guerras e regimes opressores que o

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Ocidente promoveu e continua a promover por todo o mundo. Não digo isto para desculpar a Rússia dos atos de guerra que cometeu e comete todos os dias, mas para percebermos que para além da irracionalidade da guerra há sempre motivos para lutar. Houve um tempo em que a Rússia (a URSS) lutava em nome de todos os trabalhadores do mundo, em nome do proletariado, no final de tudo, percebemos que era mentira, não se podia lutar pelos trabalhadores e ao mesmo tempo mandá-los para os Gulags morrer. Hoje em dia, a Rússia luta em nome da sua pátria, em nome do seu país, porque se sente ameaçada pela constante expansão da NATO (leia-se Estados Unidos da América) na direção das suas fronteiras. Quem não quiser reconhecer isto, não perceberá nada do que se está a passar.
Quando a URSS se desmembrou, o presidente americano Ronald Reagan acordou não expandir a NATO para Oriente. Essa promessa não foi celebrada em nenhum tratado nem foi escrita em lado nenhum. Os ocidentais dizem agora que esse facto não os obrigava a nada, que podiam fazer o que quisessem e mais: os países são livres de aderir à NATO. Tudo isto pode ser verdade, mas isso não faz com que os russos se sintam enganados pelos europeus e americanos. Durante os anos 90, os americanos podiam fazer o que quisessem, a Rússia era demasiado fraca para poder responder, ainda que fossem sempre dizendo que não concordavam com essa expansão. Para se perceber a gravidade da situação basta lembrar a célebre crise dos mísseis em Cuba em 1962 quando o mundo esteve à beira do holocausto nuclear. Pura e simplesmente os EUA não deixavam a URSS instalar mísseis em Cuba devido à proximidade com o território americano. Era compreensível, claro. Porque razão, então, hoje em dia, não percebemos a mesma questão quando sabemos que a Polónia e muitos outros países da Europa de Leste possuem mísseis apontados à Rússia?
Em 2008, numa cimeira da NATO em Bucareste, onde foi expressa a vontade de acolher a Ucrânia e a Geórgia na NATO (países da antiga URSS - este facto não é de pouca importância), Vladimir Putin avisou o Ocidente de que isso seria considerada uma linha vermelha e a Rússia nunca permitiria isso. Mais tarde, nesse ano, em Agosto, durante os Jogos Olímpicos, a Rússia esmagou um levantamento na Geórgia que vinha provar que a Rússia não estava a falar de cor.
Em 2014, a CIA financiou e promoveu um golpe de estado a Ucrânia que acabou com a deposição do presidente ucraniano e o obrigou a fugir para a Rússia. Como retaliação, e impedir que a NATO "anexasse" a marinha russa instalada na Crimeia, a Rússia anexou a Crimeia onde mantinha a sua importante base naval de Sebastopol. Promoveu rapidamente um referendo onde se constatou que 90‰ da população de origem russa queria realmente aderir à Federação Russa. É ilegítimo? É. Mas é legítimo ameaçar a Rússia com instalação de inúmeras bases da NATO perto das fronteiras deles? Não, não é. Os ocidentais dizem que a NATO é uma organização defensiva. Mas todos sabemos da volatilidade desta declaração. Perguntemos aos habitantes de Belgrado na Sérvia em 1999 que viveram os horrores dos bombardeamentos defensivos da NATO quando o Ocidente da mesma maneira ilegítima separou o Kosovo da Sérvia. Morreram 5700 sérvios.
Ficou claro nessa altura que a NATO não era uma organização defensiva, era simplesmente o braço armado dos interesses americanos e europeus. Os sérvios calaram-se porque encheram a boca de bombas. Os russos calaram-se porque não podiam fazer nada, quem mandava era o bobo dos EUA, Boris Ieltsin.
A seguir à anexação da Crimeia, o Ocidente encheu a Rússia de sanções, instalando uma russofobia absolutamente repugnante e despropositada. Os russos e principalmente Putin são acusados de tudo. Interferir nas eleições americanas (um facto nunca provado, sempre desmentido, mas largamente difundido apenas para justificar a copiosa derrota que uma candidata corrupta obteve nas eleições de 2016). Foi o Putin que convenceu as pessoas a votar no Trump?
Que culpa tem o Trump que a Hillary Clinton seja uma corrupta de meia-noite? Que culpa tem ele que o Obama tenha estado 8 anos na Casa Branca e a única coisa que deixou como legado foi Joe Biden (coitado) marioneta do lobby das armas. Que culpa temos nós da imbecilidade dos políticos europeus marionetas da hegemonia decadente americana?

Tudo isto é ainda mais complicado quando se percebe que os alemães andaram anos a congeminar um gasoduto com os russos, um projeto de vários milhares de milhões de euros, estruturante, sério como tudo, para ele depois ser dinamitado como num ato terrorista que obriga a Europa a comprar gás a - quem? - isso mesmo, adivinharam, aos EUA. Por causa disso, os preços da energia dispararam e nós preparamo-nos para pagar a inflação galopante que vem dos EUA depois da emissão de mais alguns triliões de dólares. Mas os europeus, muito avisados e sempre muito inteligentes, preferem continuar a combater uma guerra na Ucrânia em nome de - quê? - isso mesmo, adivinharam, em nome da democracia, mais uma vez. Ainda acreditamos que vamos espalhar a democracia pelo mundo bombardeando populações como fizemos no Afeganistão e no Iraque. E na Síria. E na faixa de Gaza. E no Iémen. E...
Este desabafo não terminou.




zé onofre @ 01:19

Qua, 26/06/24

 

Boa noite, Pedro Marques
Todos sabem isto, menos os papagaios que vivem das mentiras e análises que lhes mandam propagar.
Não desculpe, eles sabem, mas se descobrissem a verdade acabava-se a mama.
"Povo, não lhes perdoes, porque eles sabem o que fazem."
Mais têm o desplante de chamar a um a reunião que reuniu na Suíça 90 dirigentes de países diferentes. Seriam pelo menos 90 dirigentes políticos, mais, pelo menos, dois assessores por dirigente já vamos em 270 pessoas, mais, pelo menos quatro seguranças por dirigente e vamos 360+270=630 pessoas.
Todos juntos para falarem de uma paz entre dois países, mas em que o país - que dizem ser o agressor - não foi convidado.
Parece que o que mais se decidiu não foi como chegar à paz, mas como prolongar a Guerra, oferecendo ao país - que dizem ser o agredido - mais uns milhares de milhões de euros em armamento, como ajuda - segundo dizem.
No final houve uma declaração que foi assinada. Parece que ainda houve dirigentes políticos com vergonha, ou então
concluíram que aqueles termos lhes eram mais prejudiciais do que favoráveis, que não assinaram.
Os outros por burrice, por vassalagem, ou por se quererem por em bicos de pés, para chegarem pelo cú aos senhores do mundo assinaram vergonhosa e orgulhosamente medidas que os prejudicam no imediato e que lhes hipoteca o futuro.
Entre esses estavam os tristes dirigentes políticos portugueses, que descapitalizam a saúde, o ensino, a habitação para "ajudarem" com alguns milhões de euros a Ucrânia, isto é, os complexos militares industriais das Potências Ocidentais - EUAN, Reino Unido, França, Alemanha, - os verdadeiros vencedores deste conflito.
Russos e Ucranianos já perderam - vidas, a economia e a destruição das suas cidades.
Uma boa semana,
Zé Onofre