O XVIII Congresso do Partido Comunista Português deu origem a alguns debates bastante divertidos. Na RTP, ontem, vi analistas políticos falar do, não se riam, core business do PCP. Falaram de Benfica e Sporting quando quiseram simplificar a direita e a esquerda política, riram-se ironicamente, principalmente o apresentador, quando citaram os comunistas que falaram do fim do capitalismo. Como se a história fosse imutável. Como se o capitalismo fosse inevitável. Nem se aperceberam da monstruosa ignorância que demonstraram nessa ocasião.
“Agora já se analisa o marxismo” disseram, com o tom de voz de quem fala de mais uma tendência da moda ou outra qualquer inutilidade. Eles é que agora já falam no marxismo sem se verem constrangidos pelos seus próprios preconceitos, talvez seja isso, eles agora já consideram que, se calhar, o Estado Social até poderá ser um valor a preservar, uma ideia a ter em conta, perante o desmoronar da ganância das economias de mercado, perante a crise que se anuncia, alguma coisa que nos pode salvar. Que ridículos que pareceram. Eu sorri enrolado nos meus cobertores.
Ao mesmo tempo o Presidente da República diz que o ano que vem vai ser difícil. Ah sim? Qual foi o ano desde 1974 (para falar só da democracia) em que nos disseram que não seria difícil ou que não foi difícil? Desde o PREC à adaptação aos critérios da Europa, passando pela ilusória realidade criada pelos créditos ao consumo, até às crises de convergência do Euro, passando por todos os roubos que os seus governos alimentaram e proporcionaram, qual foi o ano em que não houve crise? E para quem será a crise desta vez? Para aqueles que vivem do seu trabalho e estão endividados com hipotecas parece que os tempos estão a melhorar: os juros baixam, o preço do petróleo baixa. Então para quem é que são maus tempos? Devemos acreditar nestes alertas do Presidente? Eu respondo: “não.” O que eles querem é que nós fiquemos com medo e trabalhemos mais, e incondicionalmente naquilo que eles querem. Que façamos mais uma vez sacrifícios. Nós fazêmo-los sim senhor, mas não é porque eles querem, não, é porque é assim que é a vida. Por isso não nos venham dizer para ter medo do próximo ano. Eu não tenho. Só tenho medo que o céu me caia em cima da cabeça.
Entretanto o stablishment governamental americano veio dizer ontem que até 2013 há uma forte probabilidade de haver um ataque com armas de destruição maciça. Reparem bem. Trata-se da retórica que levou o país para a guerra inútil no Iraque. Já estão a limitar o raio de acção de Obama. Já estão a fomentar o mesmo discurso do medo que levou o Ocidente a embarcar numa agressão estúpida. E vamos acreditar neles outra vez? Mesmo depois do Bush dizer que não estava preparado para a guerra. Não estava?! Condoleeza Rice anda no Paquistão a marcar terreno. A administração Bush está de saída mas ela continua activa a marcar pontos não sabemos muito bem para quem... eu diria que até 2013 há uma forte possibilidade de os E.U. da América atacarem outro país com base em informações falsas, e talvez não esteja mais longe da verdade do que eles...