Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 17:34

Sab, 29/11/08

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim

como a só presença com que me perdoas

esta fidelidade ao meu destino.

Quanto assim não digas é por mim

que o dizes. E os destinos vivem-se como outra vida. Ou como solidão.

E quem lá entra? E quem lá pode estar

mais que o momento de estar só consigo?

Diz-me assim devagar coisa nenhuma:

o que à morte se diria, se ela ouvisse,

ou se diria aos mortos, se voltassem.

 

Jorge de Sena, Poemas III. Edições 70.