APRESENTA
No Picnic, Why?
ou
Isto não é um tributo a Frank Zappa
FLIP – Bateria, kazoo, voz
MIKAO – Voz, percussão
ZÉ PAULO – Baixo
RODNEY – Clarinete, voz, percussão
VASQUO – Teclas, voz, kazoo
RUTH – Guitarra, voz
Quando estes seis se puseram a vasculhar nos baús da sua música preferida, Frank Zappa foi o nome que todos escolheram para homenagear. Este espectáculo é uma homenagem, portanto. Mas não é um tributo. Tributar, quer dizer pagamento, imposto. Homenagear, não. Homenagear é festejar a música – Music is the best.
Escolhemos cerca de 20 temas/músicas/canções das cerca de mil que Frank Zappa escreveu durante os 30 anos de carreira. Esses vinte temas podem ser ouvidos em diferentes versões nos seus discos, consoante o tipo de banda que Frank Zappa tinha à sua disposição. É essa agilidade do compositor que procuramos. Estes arranjos serão únicos, originais – You can’t do that on stage anymore.
THE MAMMY ANTHEM – Originalmente, baseámo-nos no disco You Can’t do That on Stage Anymore Vol.1. Mas depois ouvimos a versão do disco Thing-fish, completamente cantada e decidimos fazer uma introdução às vozes com o coro we’d be looking good with the mammy nuns.
Afinal, nós somos as mammy nuns.
JOE’S GARAGE – É a Canoga Park que vamos parar. Recordando os velhos tempos na garagem do Joe (João?) a tocar ri-tu-ti-tu-ti-tu-ti-nu-ni-nu-ni. Sempre os mesmos acordes. Até parecer uma sinfonia. É uma canção nostálgica para aqueles que já têm idade para isso. A propósito, Zappa tinha 39 quando a escreveu... The years are rollin’ by...
MAGIC FINGERS – Depois do confronto com a polícia na garagem do Joe, os nossos seis magníficos músicos prosseguem para os prazeres da noite. Todos eles gostam de rollin’ on the bed mas aposto que nem todos conseguem dar eighty, ninety times, it must have been a hundred todos os dias. O espírito rock tá no meio de nós.
SHOVE IT RIGHT IN – O imaginário dos seis heróis é delirante. Nesta música espiamos uma dessas beldades dos prazeres da noite antes de NOS ir atacar: The secret-stare she would use if a worthy-looking victim should appear. Ela agacha-se, ela agacha-se, mesmo por cima de nós. Practisissing, Practiss, Practicing!
HUNGRY FREAKS, DADDY – Num súbito ataque de sobriedade, os nossos seis heróis decidem levar-se a sério e auto-denominam-se dadaístas-esfomeados. Those who aren’t afraid to say what’s on their minds (The left behinds of the great society). É uma canção política – com solo de guitarra.
WHAT’S THE UGLIEST PART OF YOUR BODY? – Mais uma canção política, desta vez sem solo de guitarra. Uma pergunta que levanta algumas respostas. Qual delas está certa? I think it’s your mind.
ABSOLUTELY FREE – Os nossos heróis viajam agora por entre diamonds on velvets on goldens on vixen on comet & cupid on donner & blitzen, on up & away & afar & a go-go. Tentam abrir a nossa mind para as inanidades do dia a dia. There is no time. E lembra-te que só serás completamente livre se o quiseres realmente SER.
WHAT’S THE UGLIEST PART OF YOUR BODY? reprise – Os nossos seis demonstram como agiriam se os seus cérebros fossem a parte mais feia do seu corpo... freak out!
IT CAN’T HAPPEN HERE – As seis mammy-nuns/heróis/megafones-do-destino encontram-se no mundo onde a mente pode vaguear completamente livre. Talvez dentro de um piano, quem sabe? Os seis cérebros estão ligados apenas por delicados fios telepáticos. É um tema introspectivo, nostálgico – i remember tu-tu.
SOFA #1 – O delírio mental torna-se agora alemão. E numa bonita melodia em ¾ temos a sensação de que é bom voltar à ordem. O passo é de marcha, marcado pelas botas das nossas consciências, voltamos à realidade, ao nosso universo. Eu estou aqui e tu és o meu sofá, Universo. Ich bin alle Tage und Nächte.
WONDERFUL WINO – O regresso à realidade leva os seis de volta aos prazeres da noite, ao vinho. O ano é 1969, o local é Los Angeles, bêbados, arrastam-se pelas ruas, mijam na relva dos jardins, são uma vergonha até para eles próprios. I find myself now living in a cardboard refrigerator box down by the Houston dump. Acabam a pedir 5 euros e uma refeição quente, e se puder ser, um sobretudo.
SHARLEENA – No cúmulo do desespero, os nossos heróis cantam para as suas amadas, que no caso se chamam todas Sharleena, tentando mitigar os seus males. São profundos lamentos. Sharleena-leena cry-y-y-y-yin well hear me cry-y-y-y-yin.
CRUISIN’ FOR BURGERS – Pesadelos de liberdade total invadem as mentes deles. Os bilhetes de identidade são falsos, na verdade the difference between us is not very far. Os nossos bilhetes para a liberdade são falsos também, tal como a segurança que dizemos sentir. Estamos todos excitados por nada. My phony freedom card brings to me instantly: Ecstasy.
CONCENTRATION MOON – Os pensamentos de liberdade levaram-nos aos E.U.A. Corremos em plena liberdade com os nossos amigos, pelo nosso corpo cresce-nos pêlo, é o modo de vida americano: cop killed a creep: pow pow pow.
MOM & DAD – Esta é a história de um casal que vê uma carga policial sobre os creeps/freaks/megafones pela televisão e pensa: It served them right. Alguns dos jovens morrem. Mais tarde o casal descobrirá que a filha estava entre eles. É uma tragédia. Mas, afinal de contas, faz parte do nosso dia-a-dia.
MAGDALENA – Mais uma música sobre pais disfuncionais. Desta vez é um pai canadiano apaixonado pela sua filha. Ele não se consegue conter, ela é o puro objecto do desejo, a mãe tá a jogar bridge com as amigas e nunca saberá. O desespero do pai irrompe aqui na pele dos nossos desejos mais obscuros. O pais justifica-se: I work so hard, don't you understand, make maple syrup for the pancakes of our land. Do you have any idea of what that can do to a man? O tema termina com a sirene da autoridade, mais uma vez.
DOG’S BREATH – Os nossos seis tornam aos seus mundos, nos seus chevy ’39 percorrem as ruas das nossas cidades, incluindo o El Monte Legium Stadium, com bongos no banco de trás, prontos para atacar nos seus ship of love. As naves do amor imploram até ao fim por uma noite de amor: hear my plea.