Ainda não estão fartos da crise? Eu estou. Há crise todos os anos e todos os dias. Desde que nasci. E desconfio que antes já se falava da crise. Claro que falou. A crise faz parte do discurso dos governantes para manterem os eleitores calminhos. E subitamente a crise torna-se aquilo que nos acalma, que nos põe bem. É uma espécie de remédio para uma doença que se chama... crise!
A crise põe e despõe a seu belo prazer. Mas afinal quem é ela?
A crise tem origem no nosso sistema monetário. Desde o momento em que se começou a fazer dinheiro com dinheiro. Desde o momento em que os bancos tomaram conta da nossa vida através de um pequeno estratagema chamado "dinheiro a crédito". É com esta mentira que bancos centrais estrangulam outros bancos mais pequenos que por sua vez estrangulam as empresas e os cidadãos que por sua vez se estrangulam a si próprios, todos os dias, com as gravatas que usam antes de irem para o trabalho. Para o trabalho que os fará pagar "um dia" o dinheiro a crédito que receberam a determinado momento da sua vida. Aquele dinheiro que tinha parecido tão fácil de obter, aquela casa, aquele carro, aquela televisão que iriam pagar um dia.
A crise não é para se resolver nunca. O débito será sempre permanente. As empresas e as pessoas nunca conseguirão pagar tudo aos bancos centrais simplesmente porque nunca terão dinheiro. Os bancos emprestam, com juros, mas se são eles que põem o dinheiro a circular como é que algum dia as empresas e as pessoas poderão pagar o que devem? A resposta é: nunca. Se me emprestam 100 como é que eu alguma vez irei pagar 110 (juros incluídos)? Como? Não há maneira. A não ser pedindo mais um empréstimo, o que nos leva outra vez ao problema inicial.
Por isso, crise? A crise é inerente ao sistema. Ou seja, não podemos fazer nada em relação à crise enquanto não descobrirmos uma maneira de fazer tudo o que queremos fazer na vida sem a intervenção dessa coisa chamada dinheiro.