Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 11:15

Qua, 30/04/08

Grande concerto de jazz ontem à noite na Culturgest, com Marc Copland (piano), Greg Osby (sax tenor), John Hebert (contrabaixo) e Bill Stewart (bateria). Eu esperava qualidade do concerto, pelo currículo dos quatro músicos, mas também estava um bocado apreensivo, porque o que normalmente acontece nestes espectáculos em que os músicos se reúnem apenas com esse objectivo, sem haver projecto, resulta muitas vezes numa salganhada onde não se percebe onde começam uns e outros e a coisa não passa de uma jam melhor ensaiada. Para mais o conjunto dos músicos apresentava-se como 1+1+1+1=4. Suspeito, no mínimo.
Não foi isso que aconteceu ontem. Depois de uma música de aquecimento, de pleno improviso, onde se pôde ouvir a interacção dos instrumentos uns com os outros, seguiram-se várias belas composições de cada um dos músicos. Primeiro a de Bill Stewart, apoiada num ostinato exemplarmente tocado por John Hebert, seguido de um tema belíssimo (que pena não me lembrar do nome) do contrabaixista John Hebert que para mim foi a revelação da noite. Não o conhecia e fiquei absolutamente fascinado com o som dele. A clareza e definição, a técnica prodigiosa, a beleza das suas linhas melódicas, o tempo sempre claro e swingado. Seguiu-se um grande tema de Marc Copland chamado "The Bells Toll" (lembro-me deste nome porque Copland fez uma longa introdução onde explicou que o nome derivava do livro de Hemingway: Por quem os Sinos Dobram.). Tema belíssimo, com atmosferas diferentes criadas pela subtileza de Bill Stewart e a alma do contrabaixo de Hebert. Ouvimos também um tema do saxofonista Greg Osby, complicado, cheio de arestas e curvas, que nos mostrou que Osby é provavelmente um grande compositor, mas como músico foi o que mais me deixou insatisfeito. Sem dúvida que tem técnica e conhece todas as escalas mas uma noite inteira sem um rasgo melódico ou rítmico que mostre algum interesse e empenho é muito pouco para um concerto de jazz.
Marc Copland e Bill Stewart estiveram à altura dos seus pergaminhos. Talvez Stewart mais solto do que o primeiro e até mais ousado e a experimentar coisas novas em relação ao concerto que vi há duas semanas na Aula Magna em que ele fazia parte da banda de John Scofield. Copland pairou por sobre o teclado com parcimónia e algumas cores harmónicas que me fizeram recuar alguns anos e me lembraram as primeiras vezes que ouvi tais acordes nas mãos do falecido Kenny Kirkland na banda de Wynton Marsalis.
No final, em encore, um standard, se não estou em erro "You Don't Know What Love Is" que eu lembro sempre através da versão de Eric Dolphy. No fim de tudo um belo concerto de jazz e uma revelação para mim chamada John Hebert.


Daniel Barbosa @ 17:29

Sab, 03/05/08

 

cara, muito obrigado por traduzir o livro de zappa, ainda não acabei de ler mas estou devorando, sou grande fã do bigodudo. vcs usam messenger em portugal? me adicione ai para podermos trocar idéias daniel77barbosa@hotmail.com