Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 01:25

Ter, 22/12/09

Este post devia ficar em branco. Mas não me apetece. Quero apenas que o título seja em branco para que ninguém saiba do que vou falar. Já que, hoje, especialmente hoje, me sinto especialmente sensível. Não sei porque será, não sei se será porque a data me faz lembrar qualquer coisa boa ou má. Não sei o que sinto, será da minha pele?

A minha pele está cada dia mais odorosa. Diz a Pfeiffer no último filme do Frears, que os perfumes permanecem mais tempo na pele quando envelhecemos. Deve ser por isso. Deve ser a camada de cheiros estranhos e esquisitos que fui adquirindo ao longo da vida que começa a revelar-se. Muitos desses cheiros não são bons, não pensem. Não escrevo aqui para me vangloriar deles, mas acho que só hoje percebi como esses cheiros podem determinar o futuro de uma pessoa. E de como esses cheiros são determinantes na nossa vida. Dizem que os cheiros despoletam as mais antigas das memórias. Será por isso que cada vez confio mais neles? Será por isso que às vezes me vejo como um insuportável fedorento?

Este fedor talvez me faça lembrar então a razão porque escrevo este post. É que esta data me faz lembrar como fede a memória que tenho deste dia. É uma memória fedorenta, mas muito cara. Gosto tanto dela como daqueles peidinhos que damos debaixo dos lençóis e depois cheiramos carinhosamente. Aqueles peidinhos que nos reconfortam, mas que não passam de memórias mal cheirosas das nossas entranhas. Merdas por resolver.