Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 14:20

Sab, 05/09/09

Há uma frase feita que está na moda: "É o meu sonho." Por todo o lado e em todas as ocasiões as pessoas dizem "o meu sonho é...", "desde pequeno que sonho com..." etc. Não consigo compreender. Sonharam mesmo ou é apenas uma maneira de dizer, eu sou eu, eu também tenho direitos e sou ambicioso e temerário e não devo nada a ninguém?

Ou eu sou muito pouco sonhador ou então muito hedonista. Porque sonhos de uma vida assim ou assado nunca tive. A minha vida foi sempre a perder, como dizem os Xutos, ou a viver como gosto eu de dizer. E nessa vida não há espaço para sonhos. Na minha vida não há espaço para mentiras, fantasias e outras coisas que as pessoas inventam para tornarem a vida mais suportável.

Hoje em dia as pessoas esforçam-se muito para parecerem felizes, para fazerem uma vida sem privações, muito modernas, independentes, comendo apenas vegetais, fazendo plásticas aos 30, abstendo-se de ter filhos (apenas porque, espantem-se, não foram feitas para isso! - pode-se imaginar um egoísmo maior?), outras pessoas, realizando-se profissionalmente, dizendo que só quando tiverem condições é que poderão ter filhos e realizar os seus sonhos de maternidade ou paternidade.

Para mim é esta a vida com que NÃO sonhei.

Gosto mais da honestidade do fracasso (ainda que não saiba lidar bem com ele). Gosto mais da imperfeição e da humanidade das pessoas. Gosto mais da sinceridade com que se diz, "não concordo", do que a hipocrisia com que se diz "não te quero perder".