Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 02:21

Qui, 19/02/09

Sem querer entrar nos conteúdos antropológicos da questão, creio que percebo o ponto de vista dos defensores do "não" ao casamento dos homossexuais.
Percebo o ponto de vista, não porque seja contra os homossexuais - não sou anti nada, nem sequer anti-nazi ou anti-semita, não sou anti, aliás, sou anti-anti, talvez isso, mas acho que nem isso -, percebo o ponto de vista porque o problema está na palavra.
A questão dos senhores do "não" resume-se à palavra casamento, e à aparente contradição: para que é que eles querem entrar para dentro de uma instituição (o casamento), se a querem preverter? Querem apenas igualdade? Mas como é que podem pedir isso se são eles próprios a não quererem ser conforme as regras dessa instituição? É que a diferença entre sexos não é a mesma coisa que a diferença entre religiões...
Creio que há uma contradição nos partidários do "sim", eu percebo que queiram ser reconhecidos ou queiram que os homossexuais sejam reconhecidos... mas será que pelo facto de se poderem casar passarão a ser mais normais nesse reconhecimento? Normais em quê?
Por outro lado, as pessoas deviam juntar-se como e quando bem entendessem, eu acho que devia haver casamentos de várias pessoas, umas com as outras, mulheres e homens, quem disse que as pessoas só amam uma pessoa de cada vez?  Mas será que eu iria querer que isso se chamasse casamento? Faria questão nisso? A resposta é "não". Queria antes que se chamasse schlap - ou lá como é que os gatos fedorentos lhe chamam.
Se eu quisesse casar com um homem não quereria casar com ele, quereria schlapar com ele, ou com vários eles e elas, schlapar com muita gente.
Trata-se de uma questão de nomes, exacto, acho que é isso, se têm coragem de afrontar o "casamento", mudem-lhe o nome, não há nada mais sensaborão que uma meia-tinta, e acho que os homossexuais entraram na batalha errada, assim serão getizados, assim serão considerados à parte, assim serão apenas uma evolução no casamento, como disse aquele comentador antropólogo-gay do 'Prós e Contras', os homossexuais querem uma evolução no casamento, comparando-o a outros casos de emancipação, caso do casamento entre negros e brancos ou a outras intolerâncias - como se fosse a mesma coisa; confundir o racismo com a orientação sexual é não ser honesto intelectualmente, toda a gente percebe que se trata de duas coisas diferentes, o facto das duas coisas constituirem dois preconceitos da sociedade não quer dizer que tenham o mesmo valor ou origem ou se possam equiparar, são duas coisas totalmente diferentes.

Mas, como verdadeiro anti-anti, não me aquece nem me arrefece o desfecho, não é a minha luta, não sou homossexual, nunca descriminei homossexuais (não tenho nenhuma falsa consciência em relação a isso), não tenho a intenção de me casar com nenhum homem ou mulher, por isso, por mim, eu prefiro schlapar com mulheres, apenas isso, schlapar.

Este post é dedicado ao zulu, ele sabe-a toda...;-)


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