Escrevo este manifesto para demonstrar que se podem realizar acções opostas, ao mesmo tempo, num único e fresco movimento. Sou contra a acção; e em relação à contradição conceptual, e à sua afirmação também, não sou contra nem a favor.


Pedro Marques @ 16:17

Qui, 24/12/09

Esta é uma das músicas mais divertidas do rock português. É do disco Se Cá Nevasse, dos Salada de Frutas. Corria o ano de 1981, e lembro-me que até se fez uma reportagem na RTP com o facto do disco ter sido gravado na Holanda, no mesmo estúdio em que os Police tinham gravado Zenyatta Mondatta um ano antes. A canção mais conhecida é a que dá nome ao disco, mas era esta aquela que mais gozo me dava ouvir. A letra é divertida e a maneira como está narrada, com as várias vozes aproxima-se muito daquilo que eu adoro ouvir na música: histórias.  Este registo foi tirado directamente do disco e contou com a ajuda da Mirandina.

 

 

Esta é a verdadeira história de Rebalbino Pires.

 

O honestíssimo vadio ancorado nas Portas de Santo Antão, mas batendo a outras portas e respeitador de todos os santos.

Navegando de mulher para mulher. Das filhas mais do qu'as mães.

E crucificado pela justiça e pela opinião pública.

Como já tinha acontecido ao próprio nosso senhor.

Foi Rebalbino atleta que ganhou a maratona, com duas horas de avanço, tendo cortado a meta repimpado na Ramona. Foi caçado no gamanço.

Mentira. Pura mentira.

Se gamou os sapatos aos outros atletas foi para salvar o turismo de pé descalço, pá. Tudo o mais é boca, é bera, é falso. Nunca apareceu às faces da terra. É que nem à face “A” nem à Face “B”.

Gajo tão sério e pachola (amigo dos putos e delas...) ele era o chefe de fila, para muito puto reguila mestre melhor não havia, condutor de escola, de sobrinhos, ensinou-lhes os caminhos, que vão às casas das tias.

Mentira, outra mentira.

O quê, Rebalbino Pires cavalheiro impec e aprumado desmoralizou a moral aos costumes a que se tinha acostumado. Quando andou no contrabando tinha um bando contratado. Contra fé e contra guarda contra cima e contrabaixo. Contra-regra e contramão até que vem uma farda que o enfarda na prisão.

Mentira, bruta injustiça.

Tudo contrabando. Nada a favor de bando. Sempre foi um sereno de um cidadão, cumpridor de leis e de mandamentos que mandassem inclusivé de portarias municipais e de outras portarias que tais. Impostos em dia, facultativos, à noite, eh...! ah...!

Mas numa noite de porrada na tasca do Manelado é que perdeu a cabeça ao mandar a cabeçada num artolas encartado que foi parar a travessa. Levou só quatro pontos porque era a Travessa do Cosido.

Mas é tudo mentira, pura invenção.

Vejam só o certificado do seu registo criminal, passado por ele sem ajudas de ninguém. Impecável! Bestiali!

Lá vem: o seu único crime foi falsificar o registo criminali.

Mas olha aí. Mais que permita a força humana... tinha oitenta e uma amantes, umas vinte por semana, sem vozes reclamantes. Tinha oitenta e uma amantes, uma delas ciumenta. Foi essa uma das oitenta que soprou o pêlo da venta. Sacou a faca da liga.

E ele nem deu aos calcantes. Que nunca foi homem de brigas.

Mentira, outra mentira. Rebalbino Pires, honrado português de lei, não anda à mão desarmante, nunca fugiu à polícia, nem sequer foge da chuva. Nem para lavar a reputação, que exige reparação.

Depois de tanta patranha.

Tanta mentira malvada.

Agora é que são elas.

E aqui está esta campanha devidamente orquestrada.

É assim mesmo!

E agora rapazes, para a frente.

Para a frente, o quê?

Para a frente com o resto, pá, em honra do gajo, pá.

OOOOOH IN MY NIGHT IN SOLIDÃO.

WELCOME TO MY NIGHT IN SOLIDÃO.

Rebalbino, senhores ouvintes estivemos a ouvir a história de Rebalbino Pires, um exclusivo das frutas WELCOME.

 

Obrigado à Mirandina pelas correcções.



C.M. @ 01:33

Dom, 10/01/10

 

Pedro, além de lhe dar os parabéns pelo seu fantástico blogue, quero também agradecer-lhe.
E porquê?
Simples, porque aprendo e/ou fico a conhecer várias coisas com muitos dos seus posts e outros há que são um convite à reflexão e até a formar uma opinião sobre um assunto.
Tem aqui uma leitora, não de hoje nem de ontem, mas de há algum tempo... só que não costumo comentar (e talvez até devesse, eu sei)
Continue assim.